Krokodil - Desomorfina
Toxicidade [3] [4] [10]:
A desomorfina sob a forma de “krokodil” pode ser ingerida via oral ou então, como mais comumente acontece, pode ser injetada a nível subcutâneo, intravenoso ou na artéria femoral.
O líquido injetado contém diversas impurezas tóxicas, sendo que o seu teor em desomorfina pode variar desde apenas vestígios até 75%. A toxicidade da droga em si deve-se não tanto aos efeitos dos opiáceos mas sim aos produtos que se vão formando ao longo da reação de síntese, bem como às agulhas já usadas e a uma má técnica de injeção.
O produto final, normalmente, tem uma cor alaranjada ou castanha estando contaminado com diversos produtos tóxicos e corrosivos e resíduos de diluente, gasolina, zinco, chumbo, iodina, ácido clorídrico e/ou fósforo vermelho. Como o processo final de purificação é altamente ineficaz ou praticamente inexistente, estas substâncias entram diretamente no organismo.
A presença de ácido clorídrico e gasolina no produto final que é injetado podem ser responsáveis pelas irritações na pele, úlceras, aparecimento de pele descamada esverdeada e necrose da pele, tecidos moles e músculo. Estes efeitos, bem como a rutura dos vasos sanguíneos e exposição dos ossos, podem ser potenciados pela presença de fósforo vermelho que é obtido através da cabeça dos palitos de fósforos comuns. O fósforo vermelho é usado em grandes quantidades, isto porque é um reagente fundamental para a formação de iodeto de hidrogénio que leva ao passo final da formação de desomorfina. Logo, como não é totalmente consumido nas reações, vai ser um componente com elevado teor no produto final, levando a efeitos nefastos.
O iodo também é uma das impurezas presentes no final do fabrico do cocktail injetável é responsável pelos distúrbios endócrinos enquanto que os metais pesados interferem com o sistema nervoso e levam a inflamações renais e hepáticas. O chumbo, por exemplo, causa disfunções hematológicas ao inibir as enzimas que usam o zinco como cofator. Relativamente a disfunções neurológicas, este metal pesado provoca danos nas células do hipocampo, interferindo também com a libertação de neurotransmissores, especialmente o glutamato.
Devido à partilha de seringas e outros fatores associados a drogas injetáveis, a hepatite C e o HIV costumam estar associados aos consumidores de “krokodil”. Estima-se que a esperança média de vida para os viciados nesta droga seja de apenas de um a dois anos.
No entanto, não são só as pessoas que se injetam com esta droga que sofrem as consequências. Quem se ocupa unicamente do fabrico do produto também sofre com alguns efeitos. A exposição crónica aos solventes como a gasolina ou diluente causa danos neurológicos como encefalopatias.


[3] - Alves, E. A., Grund, J. P. C., Afonso, C. M., Netto, A. D. P., Carvalho, F., & Dinis-Oliveira, R. J. (2015). The harmful chemistry behind krokodil (desomorphine) synthesis and mechanisms of toxicity. Forensic science international, 249, 207-213.
[4] - Katselou, M., Papoutsis, I., Nikolaou, P., Spiliopoulou, C., & Athanaselis, S. (2014). A “Krokodil” emerges from the murky waters of addiction. Abuse trends of an old drug. Life sciences, 102(2), 81-87.
[10] - Skowronek, R., Celinski, R., & Chowaniec, C. (2012). “Crocodile”-new dangerous designer drug of abuse from the East. Clinical Toxicology, 50(4), 269-269.
Todas as imagens deste slideshow foram retiradas de "The World’s Deadliest Drug: Inside a Krokodil Cookhouse"; time.com/3398086/the-worlds-deadliest-drug-inside-a-krokodil-cookhouse (consultado a 27/05/2015)
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