Krokodil - Desomorfina
Um futuro incerto [1] [2] [4] [9] [15] [16]:
Quase invariavelmente, estas drogas começam a aparecer na obscuridade em poucas localidades, sendo fabricadas e usadas por desconhecidos até a sua expansão acontecer.
Desde a primeira injeção que é criado o vício. A partir desse momento as hipóteses de recuperação são muito baixas, podendo nem existir tempo para soluções. Outro grande perigo desta droga é a overdose. Como a sua síntese não resulta num produto final propriamente puro e doseado, a injeção de tais matérias pode levar rapidamente a uma overdose.
A exequibilidade das habilidades de redução de danos para pessoas que injetam “krokodil” pode depender mais da vontade política do que sobre a aplicação prática das intervenções. Um aspeto muito relevante é o estatuto jurídico do tratamento de substituição de opiáceos na Rússia.
Existe uma panóplia de razões para o uso do “krokodil” ter sido despoletado na Rússia e na Ucrânia. Em primeira instância, a disponibilidade e preço da heroína afetam diretamente o seu fabrico e consumo. Com o início da crise económica, juntamente com interdições policiais e alterações legais fizeram com que a entrada de heroína nestes países diminuísse e fosse procurado um opiáceo alternativo.
Apesar de num certo momento ter ocorrido um pico no consumo e produção de “krokodil”, pouco interesse foi demonstrado e investido em estudos das várias composições desta droga e dos seus mecanismos. Provavelmente, no momento em que seja decidida a realização de estudos e a importância deste fenómeno seja compreendida, ele estará a desaparecer. Não será, necessariamente, um resultado terrível mas poderá impedir estudos que pretendam identificar quais as práticas do uso de drogas emergentes, o seu poder de permanência e distinguir quais as principais causas que levam ao seu estabelecimento a longo prazo.
Resumindo, uma má utilização de conhecimentos químicos pode causar mazelas e morte, mas políticas de repressão e a recusa da prestação de cuidados de saúde primários fazem igualmente parte da receita para o cocktail mortal de “krokodil”.
[1] - Gahr, M., Freudenmann, R. W., Hiemke, C., Gunst, I. M., Connemann, B. J., & Schönfeldt-Lecuona, C. (2012). Desomorphine goes “crocodile”. Journal of addictive diseases, 31(4), 407-412.
[2] - Booth, R. E. (2013). ‘Krokodil’and other home-produced drugs for injection: A perspective from Ukraine. International Journal of Drug Policy, 24(4), 277-278.
[4] - Katselou, M., Papoutsis, I., Nikolaou, P., Spiliopoulou, C., & Athanaselis, S. (2014). A “Krokodil” emerges from the murky waters of addiction. Abuse trends of an old drug. Life sciences, 102(2), 81-87.
[9] - Grund, J. P. C., Latypov, A., & Harris, M. (2013). Breaking worse: the emergence of krokodil and excessive injuries among people who inject drugs in Eurasia. International Journal of Drug Policy, 24(4), 265-274.
[15] - Shelton, M., Ramirez-Fort, M. K., Lee, K. C., & Ladizinski, B. (2015). Krokodil: From Russia With Love. JAMA dermatology, 151(1), 32-32.
[16] - Gahr, M., Freudenmann, R. W., Hiemke, C., Gunst, I. M., Connemann, B. J., & Schönfeldt-Lecuona, C. (2012). “Krokodil”-Revival of an Old Drug with New Problems. Substance use & misuse, 47(7), 861-863.
Todas as imagens deste slideshow foram retiradas de "The World’s Deadliest Drug: Inside a Krokodil Cookhouse"; time.com/3398086/the-worlds-deadliest-drug-inside-a-krokodil-cookhouse (consultado a 27/05/2015)
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